As empresas do setor da defesa tiveram em 2020 um desempenho superior à média da economia, revela um estudo conjunto da idD Portugal Defence, do Instituto de Defesa Nacional e do GEE do Ministério da Economia. Estes dados vêm confirmar a importância de continuar a reforçar a Base Tecnológica e Industrial de Defesa, que contribuiu para a resiliência da economia nacional num ano de fortes perturbações devido à pandemia.
As empresas portuguesas que integram a Economia da Defesa – que vendem parte ou a totalidade da sua produção ao setor da Defesa – revelaram maior resiliência que a economia portuguesa durante a crise pandémica no que respeita às exportações, ainda que mais afetadas nas vendas no mercado interno:
- As vendas somadas das empresas atingiram os 4,6 mil milhões de euros, uma diminuição de 3,1% em 2020 (face a 2019), mais do que o verificado no resto da economia (caíram 2%);
- Porém, o peso das exportações da Economia da Defesa subiu de 2% para 2,5% do total das exportações nacionais em 2021, o que significa que as empresas desta área foram menos afetadas pela quebra verificada no comércio internacional;
- As exportações mantiveram o seu peso nas vendas totais das empresas, com uma oscilação de 39,7% para 39,8% em 2020, uma evolução significativa por se tratar de um ano de forte quebra do comércio internacional devido à pandemia (a nível nacional desceram de 23,6% para 20,5%).
O número identificado de empresas com atividade na área da Defesa aumentou, sendo agora de 363 (eram 350 no anterior estudo, sendo que este total inclui empresas que não integram a BTID). Estas empresas pertencem a cerca de 40 setores de atividade, o que demonstra a transversalidade da Defesa e o seu impacto na economia. Acrescem a este total 61 entidades de I&D e Educação/Formação.
O estudo revela ainda que o capital humano não se ressentiu com a pandemia:
- Em 2020, o emprego aumentou 5,8% e é agora de quase 39.000 pessoas (incluído o efeito do aumento do número de empresas) e os salários subiram mais do que na média da economia nacional (3,6% contra 1,2%);
- A produtividade mantém-se significativamente mais elevada quer no total quer em diferentes subsetores (indústria, tecnologias de informação, investigação). Este fator traduz-se no valor médio dos salários mensais, que foi em 2020 de 1.652€, contra uma média de apenas 818€ no conjunto das empresas nacionais.
O investimento em Investigação e Desenvolvimento tecnológico na defesa continuou a crescer:
- O investimento nesta área aumentou 9%, não parecendo ter sido afetado pela pandemia; representou, em 2020, a I&D representou 3,2% do volume de negócios das empresas da Economia de Defesa, contra 0,8% na média das empresas portuguesas;
- Também o número de pessoas afetas a esta atividade continua significativamente superior na Defesa face ao resto da Economia, representando 6,1% das pessoas afetas ao serviço contra 0,5% na média das empresas portuguesas.
Nota: os números não são totalmente comparáveis porque os valores variam com as respostas recebidas ao inquérito feito pela FCT.
Catarina Nunes, Presidente do Conselho de Administração da idD Portugal Defence, considera que “Estes resultados confirmam que a aposta na Economia da Defesa é crucial. Já sabíamos que estas empresas têm maior dimensão, equipas mais qualificadas, produtividade mais elevada, melhores salários e que exportam mais que a média da economia nacional. Estes resultados vêm revelar que este é também um setor menos vulnerável a crises e em contínuo crescimento.”
Sobre o estudo
A idD Portugal Defence, o Instituto de Defesa Nacional e o Gabinete de Estudos Económicos do Ministério da Economia publicaram em dezembro de 2021 o primeiro estudo sobre a Economia de Defesa em Portugal, tendo por base os dados do ano 2019.
Foram entretanto disponibilizados dados mais atuais pelas autoridades estatísticas, pelo que os resultados apresentados em junho de 2022 correspondem a um balanço do ano de 2020.